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Como trazer mais agilidade e flexibilidade às operações e manufaturas
Carlos Boechat - Diretor de Tecnologia e Engenharia na Vale, Especialista e Mentor em Transformação Digital
Se tem uma coisa que mudou drasticamente na última década, foi a indústria. Desde que o conceito de indústria 4.0 tomou forma, trazendo com ele a transformação digital, empresas de todo o mundo estão revolucionando a maneira como suas operações e manufaturas funcionam. Como empreendedor e apaixonado por tecnologia, é um prazer para mim acompanhar de perto as mudanças que a indústria 4.0 vem trazendo para o mercado.
Mas, eu sei que nem todos conseguem acompanhar toda essa revolução, e muita gente acaba ficando perdida. Adequar-se aos novos tempos e às novas tecnologias tornou-se mandatório neste mundo que está lutando para deixar a sombra da pandemia para trás. As empresas que se adaptarem mais rapidamente sem dúvida sairão na frente.
Se você não se sente preparado para encarar este novo mundo, fique calmo: hoje vou trazer alguns insights e soluções que podem agregar muito mais agilidade e flexibilidade às suas operações.
Automatize processos
Este é um tópico que está longe de ser um segredo, mas vai continuar sendo cada vez mais relevante nos próximos anos. A indústria brasileira segue um ritmo lento, mas constante, de adoção de soluções automatizadas: segundo o Índice de Automação do Mercado Brasileiro do ano passado, apontou um crescimento de 2% em relação a 2019.
Automatizar processos internos é uma maneira comprovadamente eficiente de otimizar a produção. A máquina é incansável, respeita padrões e, se for bem programada, evita o desperdício por meio do aproveitamento inteligente dos insumos.
E o melhor é que o robô não veio para roubar o emprego do ser humano: a automação inteligente não troca um pelo outro, mas conecta os colaboradores humanos ao que existe de mais avançado em termos de ferramentas e robótica industrial a fim de tornar o ambiente de trabalho mais organizado e eficiente.
E quando eu falo em “robôs”, não me refiro apenas à linha de produção: é possível automatizar até mesmo pequenos processos, como recebimento de pedidos, leitura de e-mails, programação de entregas, e muito mais. Isso o empresário brasileiro já entendeu, pois 74% das indústrias já utilizam sistemas de gestão e integram as diferentes frentes do negócio sob as mesmas ferramentas.
Infográfico mostra o índice de utilização de sistemas de gestão em diferentes áreas da indústria brasileira - Fonte da Imagem: Noticias GS1BR
Deixar as máquinas cuidarem da parte operacional permite que o talento humano possa ser aplicado às partes criativas e estratégicas do negócio.
Busque a melhoria contínua Perfeição é uma utopia. Sempre vai haver algo que possa ser melhorado ou otimizado. Os indicadores servem para isso: nortear a produção da indústria, sempre buscando melhores resultados. O problema é que nem todo mundo sabe tirar proveito deles, ou não utiliza os dados que já tem em mãos para compor KPIs relevantes.
A Gartner tem um conteúdo muito interessante sobre o assunto, onde afirma que a produção deve ser pautada por dados, mas também oferecer alguma flexibilidade, para que possa ser revista ou readequada. “Cada etapa deve ser flexível para refletir as mudanças na estratégia da empresa, mudanças de prioridade e a disponibilidade de novos dados”, afirma Michael Porowski, analista sênior da companhia.
Aí entra em cena um roteiro cíclico de quatro etapas, pensado para servir como um indicador perene, que está sempre ajudando a indústria a produzir mais, com mais qualidade e eficiência. É a chamada melhoria contínua: sempre há algo que pode ser melhorado.
Ciclo - Fonte da Imagem: Gartner
Os quatros passos sugeridos pela Gartner começam na parte estratégica do produto, depois vai para a organização das tarefas, seguido pela criação de métricas e indicadores que ajudem a otimizar o desempenho alcançado. Por fim, revisita-se o ciclo, melhorando e otimizando tudo o que for possível, para o próximo ciclo ser ainda mais eficiente.
Invista na manufatura inteligente
Aqui temos um conceito que, na verdade, engloba diferentes novidades e tecnologias que foram trazidas pela indústria 4.0. Todas elas trabalham alinhadas em prol de alguns objetivos em comum: tornar as linhas de produção mais rápidas, eficientes e inteligentes.
Tenho um livro muito bom sobre o assunto para lhe indicar esta semana:
Livro "Transformação Digital" - Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Carlos Boechat
A já mencionada automação entra nesse pacote, ao lado de outras tecnologias igualmente impactantes, como o Aprendizado da Máquina (Machine Learning), a Internet das Coisas (IoT) e a Computação na Nuvem (Cloud Computing). Quando bem utilizadas, essas tecnologias fornecem possibilidades de flexibilidade na produção e influenciam no gerenciamento de ambientes.
Quando as máquinas se conectam umas às outras, e passam a operar de forma autônoma, com o mínimo de interferência humana, obtém-se uma manufatura mais enxuta e um nível de produtividade muito mais alto. Segundo o Valor Econômico, o ganho de eficiência pode chegar à casa dos 300%. Se quiser saber mais sobre o assunto, convido-lhe para assistir ao papo que bati com algumas líderes de renome no MeetUp Sessions do Cubo Itaú, onde falamos sobre o futuro das operações e manufaturas:
A verdade é que as empresas que buscam agilidade e flexibilidade nas operações não tem como fugir da tecnologia. É fato que uma produção automatizada é mais eficiente, e quanto mais rápido os gestores perceberem isso, mais cedo virão os resultados.
Não por acaso, o Guia de Planos e Prioridades de 2022 da Gartner já traz, como um dos principais tópicos, um debate sobre “os principais capacitadores e tecnologias a serem considerados no planejamento de seu roteiro de automação”. E olha que o evento só vai acontecer em fevereiro!
Em uma área como a indústria, que precisa lidar com dados, indicadores e realizar previsões – que devem ser o mais assertivas possíveis – para nivelar sua produção com a demanda esse tipo de tecnologia é indispensável.
Espero que os insights deste artigo tenham lhe ajudado a enxergar o potencial transformador que a tecnologia e a automação tem para a indústria. Agora, é arregaçar as mangas e colocar tudo em prática!
Sou Carlos Boechat, Diretor Associado de Industry X na Accenture, especialista em transformação digital e indústria 4.0, palestrante, mentor, consultor e escritor para revistas.
Este artigo foi publicado originalmente em meu site carloseduardoboechat.com
Executivo e Empreendedor na Indústria Colunista do Portal W6 Insights Diretor de Tecnologia e Engenharia na Vale
Quer manter-se atualizado com conteúdos ricos sobre a indústria e manufatura? Acompanhe a coluna Transformação e Inovação na Indústria de Carlos Boechat.
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